terça-feira, novembro 11, 2014

Kurt Vonnegut Jr.




        Como eu sei que hoje vai haver muitos blogs e sites homenageando outro escritor nascido a 11 de novembro – Dostoievski, que aliás eu também adoro --, partilho com vocês umas palavras acerca de Kurt Vonnegut Jr. (1922 - 2007), autor de várias obras que, geralmente (e não erradamente) consideradas como ficção científica, na verdade mostram interpretações muito peculiares da vida cotidiana e sacadas incríveis sobre o ser humano e suas possibilidades para o futuro.

        Meu primeiro contato com Vonnegut foi através de sua primeira novela, Player piano (publicada no Brasil com o nome de Revolução no futuro), que se pode ver tanto quanto uma sátira da sociedade corporativa quanto um vislumbre do que poderemos vir a ser se continuarmos nos medindo por parâmetros como dinheiro, bens materiais e o que se convencionou chamar de “sucesso”. Até hoje, dos vários livros dele que já li, esse é o meu preferido, porém ainda falta ler aquele que o tornou de fato um autor consagrado: Slaughterhouse five (Matadouro cinco), que tem por base a experiência de Vonnegut na Segunda Guerra Mundial. Durante o bombardeio de Dresden, ele e seus companheiros sobreviveram escondendo-se em um matadouro subterrâneo, e é isso que vive o protagonista do romance publicado um quarto de século mais tarde, com a diferença de que, nesse, caso, também tem encontros com seres misteriosos – os Tralfamadorianos – e revisita, de forma caótica, vários episódios de sua vida. Tal como O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger, esse livro é leitura obrigatória em muitas escolas americanas... E, como não poderia deixar de ser, foi banido em muitas delas.

       Vonnegut, que trabalhou como repórter e professor antes de se dedicar à literatura, escreveu vários outros livros antes de falecer em 2007. Cama de gato, Galápagos, Café da manhã dos campeões, todos esses são impagáveis tanto em conteúdo quanto em escrita. O que eu não sabia – e acabo de descobrir, buscando informações para escrever este pequeno texto – é que a arte de Vonnegut não estava apenas nas palavras, mas também nas imagens, já que ele se dedicou com afinco à arte da gravura em seus últimos anos.

       Uma pequena galeria pode ser encontrada aqui, assim como mais informações sobre o autor e sua obra. Da minha parte – supondo que os leitores deste blog são, em sua maioria, pessoas que curtem fantasia e ficção científica – só posso recomendar, mais uma vez, os livros de Kurt Vonnegut Jr. como obras pensadas fora da caixa. E, para quem refletiu sobre os possíveis futuros apresentados em obras como Admirável mundo novo e 1984, a leitura, em especial, de Player piano, que propõe um cenário aparentemente mais tolerável, mas que, por isso mesmo, alguns de nós talvez estejamos inadvertidamente trazendo para nossas vidas.

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